A cigarrinha das pastagens é uma praga que ataca
plantas forrageiras e causa muitos danos, diminuindo a produção e qualidade do
pasto, prejudicando o desempenho dos animais e consequentemente a rentabilidade
da atividade. Existem várias espécies de cigarrinhas que atacam tanto
pastagens, como milho, cana-de-açúcar e arroz.
Cigarrinha
da pastagem.
As cigarrinhas são dependentes de um ambiente úmido
para viver. Durante o ano ocorrem, normalmente, três picos na população desses
insetos, podendo chegar a cinco, dependendo das condições do clima. Esses picos
se estendem de outubro até abril, acompanhando o período chuvoso no Brasil
Central. O primeiro ocorre geralmente no mês de novembro, o segundo do final de
janeiro e começo de fevereiro e o terceiro em março e abril.
Durante o ciclo das cigarrinhas os ovos eclodem
dando origem a forma juvenil do inseto (ninfa), que depois se transforma no
adulto. As fases que causam dano para as plantas são as ninfas e os adultos,
que sugam a seiva da planta e injetam uma toxina que diminui ainda mais o
desempenho da pastagem.
A diferença entra a ninfa e o adulto é que a ninfa
vive na base da planta, onde fabrica a espuma branca para proteção e pode ser
facilmente identificada, enquanto o adulto tem asas e vive nas folhas. Quando
ocorre infestação o pasto se apresenta amarelado e com pouco crescimento, mesmo
na época chuvosa. Uma infestação de 20 ou mais insetos por metro quadrado pode
reduzir em até 50% a capacidade de suporte da pastagem, dependendo da espécie
do capim.
O controle da praga pode ser feito de várias
maneiras. Por exemplo, podemos usar inseticidas, capins resistentes e controle
biológico.
O controle biológico ainda não é muito comum em
pastagens, mas em cana-de-açúcar é bastante utilizado para controlar as
cigarrinhas. O controle biológico consiste no uso de um ser vivo para controlar
a população de outro. No caso das cigarrinhas o controle pode ser feito por
pássaros, aranhas, insetos predadores, entre outros, mas comercialmente os
fungos são os mais utilizados. Mais especificamente o fungo Metarhizium anisopliae.
Existem vários laboratórios no Brasil que produzem
esporos (estrutura que infecta o inseto) desse fungo.
O uso de controle químico ou do próprio fungo deve
ser realizado de acordo com o número de insetos adultos ou ninfas na pastagem.
O nível de controle não está estabelecido, mas é muito comum o controle ser
feito quando ocorrem entre 10 e 15 ninfas por metro quadrado de pasto. A
amostragem é feita com um quadrado de 50 x 50 centímetros feito de ferro ou
madeira, coletando no mínimo 5 pontos para cada 10 hectares.
O fungo apresenta uma faixa muito variável de
controle, de 10% a 60%, pois normalmente são aplicados em horários e
temperaturas inapropriados e muitas vezes abaixo da dose necessária.
A recomendação é utilizar 5,0 x 1012 conídios por hectare
(cerca de 500 gramas de conídios puros). Conídio é a parte do fungo que infecta
o inseto. O volume de calda utilizado varia de 200 a 300 litros por hectare,
sendo que a calda deve ser preparada imediatamente antes da aplicação. A
aplicação deve ser feita no final da tarde ou em dias nublados, com temperatura
perto dos 25ºC e o pasto deve ser mantido numa altura de 25 a 40 centímetros.
Se essas condições do clima e do pasto forem mantidas, o fungo pode,
teoricamente, permanecer mais tempo na pastagem controlando a praga. Nesse
processo devemos utilizar um pulverizador com agitação da calda, senão a
aplicação não é eficaz.
Cigarrinha
neutralizada pelo fungo.
O controle por meio do fungo tem algumas vantagens
em relação ao controle químico, como o menor custo por área, permite que os
animais fiquem no pasto (não é tóxico para eles) e não causa problema para o
ambiente. Mas a vantagem mais importante é que o fungo consegue matar as ninfas
e o químico não. Isso ocorre devido à espuma branca que impede que o inseticida
chegue ao inseto, matando só os adultos. O fungo consegue atravessar a espuma e
matar as ninfas, e consequentemente, diminuir o número de adultos na geração
seguinte, reduzindo os danos à pastagem.